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50. CAPÍTULO CINQUENTA

CAPÍTULO CINQUENTA
ato três: o príncipe mestiço

AQUELA LEMBRANÇA NA penseira levou Erika e Dumbledore a um bairro bastante familiar para a garota de olhos azuis. Era um pouco diferente do que estava acostumada, havia menos casas, menos iluminação, mas o grande casarão escuro afastado da rua principal continuava ali.

Era o bairro da sua infância, o bairro do seu pai.

Ela parou de olhar ao redor e seu olhar pousou em Dumbledore, que seguia um homem caminhando pelo caminho de terra que levava à Mansão Frukke. Caminho que atualmente estava decorado com paralelepípedos. Erika se aproximou do diretor para olhar o homem que eles seguiam, ele era um homem mais velho, seus cabelos eram brancos como a neve brilhante, mas ele já estava passando pela fase careca. Ele tinha um bigode bem cuidado e um terno formal, na mão uma mala de couro. Ele parecia um pouco ansioso, mas ainda mantinha o peito erguido.

Ela presumiu que fosse Christopher Evensen.

O portão que dava para a mansão se abriu assim que pousou em frente a ele, e o homem caminhou até chegar à porta principal da mansão, na qual bateu educadamente.

Aos olhos de Erika a mansão não mudou nada em todos esses anos. Ainda era grande, sombrio e com as cortinas das janelas principais fechadas. Como se nunca tivessem aberto.

A porta se abriu e Feno, o elfo doméstico da família, pôde ser visto olhando confuso para o homem. Erika presumiu que a visita de Evensen não era esperada.

— Boa tarde. Estou aqui para falar com os Frukkes. — ele disse educadamente. Feno não teve tempo de abrir a boca para dizer algo já que foi interrompido por uma voz imponente.-

— Mova-se. — um homem alto e corpulento com o rosto levemente enrugado apareceu, empurrando rudemente o elfo doméstico.

Os ombros de Erika caíram ao ver quem acabara de aparecer na porta. Era como ver o seu pai só que grisalho, com barba e olhos castanhos escuros. Sebastian Frukke, seu avô, olhou para Christopher com desdém.

— Evensen? O que você está fazendo aqui? — ele perguntou, sua voz profunda e autoritária.

— Boa tarde, Sebastian. Sinto muito por chegar sem avisar, fui enviado para falar com você e seu filho.

Sebastian franziu a testa e relutantemente deixou Christopher passar.

Sebastian Frukke era funcionário do ministério. Trabalhou como inefável no departamento de mistérios, teve um cargo importante no escritório. Seu trabalho fazia parte da segurança e organização das investigações e de garantir que as questões ali trabalhadas fossem mantidas longe dos olhos do público.

Erika viu seu avô mandar Feno subir enquanto olhava para Christopher.

— Ele está tentando entrar na mente dele. — Erika sussurrou como se pudessem ouvi-la, lembrando que a família de seu pai era uma linhagem de legeremantes.

— Boa observação. Mas nada com que se preocupar, os Aurores têm treinamento rigoroso em oclumência. Christopher era muito bom em seu trabalho.

Depois de alguns momentos, passos foram ouvidos na escada. Um jovem alto, com roupas e cabelos completamente arrumados, descia lentamente as escadas com graça. Sua expressão séria era imediatamente reconhecível, suas olheiras estavam marcadas e seus brilhantes olhos verdes olhavam com curiosidade para quem estava parado olhando para ele.

Erika poderia jurar que a versão mais jovem de seu pai estava olhando para ela.

— Para que você precisa de mim, pai? — Nathaniel falou se aproximando do pai com passos delicados.

— Jovem Nathaniel, que bom ver você. Meu nome é Cristopher Evensen, Auror. — o homem estendeu a mão em saudação e Nathaniel ignorou, olhando para a mão com indiferença, quase desgosto.

Christopher pigarreou desconfortavelmente e baixou a mão lentamente ao ver o olhar estranho do menino. Era de conhecimento geral que Nathaniel Frukke era um jovem retraído e tímido.

Para Erika, o pai era simplesmente vaidoso.

— O Sr. Evensen precisa falar com nós dois. — o Frukke mais velho explicou ao filho, seu olhar agora pousando no auror. — Sobre o que seria?

Evensen se endireitou um pouco e em sinal de nervosismo passou as mãos pelo paletó, como se estivesse removendo rugas que não existiam naquele momento.

— Bem, Sr. Frukke. Em primeiro lugar, parabéns, seu filho tem ótimas referências no departamento de Aurores por suas habilidades investigativas e inteligência. Por estar no sétimo ano, é bem grande.

Sebastian olhou para Nathaniel e revirou os olhos como se fosse óbvio.

— É o que ele deveria fazer. — disse ele com indiferença, e Erika notou como o olhar do pai endureceu. — É o dever dele, ele não foi criado para ser um ninguém neste mundo..

Cristopher pigarreou um tanto sem jeito e continuou.

— Minha visita é por segurança. — assim que essas palavras saíram de sua boca, ele ganhou a atenção de pai e filho. — Suspeitas vieram de pessoas anônimas sobre Nathaniel e alguns... Grupos de moralidade duvidosa e segurança para o mundo mágico.

O avô de Erika imediatamente franziu a testa e bufou incrédulo, para seus ouvidos foi a coisa mais estúpida que ele já tinha ouvido em sua vida.

— Por favor. Você está dizendo que Nathaniel está envolvido em algo relacionado a esse tal de Voldemort? — Sebastian perguntou zombeteiro, mas seu sorriso zombeteiro desapareceu quando Christopher assentiu.

— Sim, exatamente. Você sabe que, como funcionário do ministério, acusações como estas devem ser investigadas por questões de segurança. — comentou calmamente, recebendo um olhar de ódio de Nathaniel.

— E você acredita na primeira pessoa que faz essas acusações? Eu não ficaria surpreso se fosse a aberração de Heather Yaxley. — Nathaniel rosnou furiosamente, cerrando os punhos. — Aquela garota faria qualquer coisa para me machucar por inveja!

Tanto Christopher quanto Sebastian olharam para ele um pouco confusos. Eles não conseguiram encontrar um ponto na conversa que levasse à conclusão de que Heather Yaxley foi a pessoa que o acusou.

Mas Erika ficou muito mais chateada porque foi especificamente Heather quem passou pela cabeça de Nathaniel. Por que ela teria inveja dele?

— Não posso revelar nenhuma dessas informações, jovem Frukke.

—Não é necessário, Evensen. — Sebastian imediatamente deixou escapar. — Vocês não têm nada com que se preocupar. Sei que meu filho pode sair com explosões bobas, mas posso garantir que ele não é um seguidor daquele homem. Tenho visto aqueles que o seguem, são mágicos poderosos e habilidosos, características que Nathaniel não possui. Eles apenas perderiam tempo com ele em suas fileiras.

Os rostos de Christopher e Erika ficaram surpresos ao mesmo tempo. A voz de Sebastian soou tão... Natural, como se falar sobre seu próprio filho assim fosse normal. Como se as expectativas de Nathaniel fossem zero.

Natanael não gostou disso. Ouvi-lo humilhá-lo na frente de alguém do ministério o deixou furioso.

— Se eu não fosse habilidoso não estaria tão perto de ter o sangue de Merlin. — ele murmurou baixinho, e o rosto de Sebastian se virou para olhar para ele, incrédulo.

Cristopher franziu a testa, totalmente alheio ao que aconteceria segundos depois.

— Cala a boca, seu garoto estúpido! — Sebastian gritou alto, o rosto determinado de Nathaniel se transformou em medo. — De onde você tira ideias para falar sobre coisas tão estúpidas?!

— É real, pai! Estou muito perto e posso tentar! — a voz de Nathaniel saiu alta, sua mão caindo sobre o próprio peito. — Eles sabem disso e eu vou ajudá-los!

Sebastian franziu a testa ansiosamente, olhando de soslaio para Cristopher. Erika soube imediatamente porque ele parecia tenso, o sangue de Merlin não era um assunto público e as pessoas o consideravam uma lenda. O fato de Nathaniel ter dito isso em voz alta na frente de um funcionário normal do Ministério poderia custar-lhe o emprego.

Ele rapidamente agarrou o braço de Nathaniel com força e o arrastou para um quarto no final do corredor, onde o jogou com força fazendo-o cair no chão, fechando a porta com força, causando um eco violento no primeiro andar da mansão.

Erika olhou na direção do quarto onde seu pai estava trancado. Era o escritório dele. Bem, neste caso, o escritório do avô dela.

Engraçado saber que também o prenderam lá.

— Lamento muito pela atitude do meu filho. Mas fique tranquilo, Nathaniel não está envolvido com os seguidores de Voldemort. — ele disse com firmeza, guiando Cristopher em direção à saída da mansão.

— Mas Sr. Frukke...

— Vá embora, Evensen.

A lembrança começou a se desvanecer e Erika ficou olhando para a água atordoada, as gotas de seus cabelos caindo aos poucos em um ritmo que combinava com as batidas rápidas de seu coração cheio de ansiedade.

O pai dele tratava ela e Danielle da mesma forma que seu avô o tratava.

— O que aconteceu depois? Evensen estava convencido? — Erika perguntou em um sussurro, seu olhar fixo em seu reflexo. Dumbledore assentiu.

— Sim. Evensen não sabia do que Nathaniel estava falando.

A Lufa-Lufa assentiu, a imagem de seu pai com uma expressão aterrorizada enquanto seu avô o trancava em seu escritório se repetia em sua mente.

— Eu pensei que meu avô fosse um Comensal da Morte. — Erika levantou a cabeça para agora olhar para o diretor. — Por que ele negou que meu pai estivesse interessado em se juntar a ele?

— Sebastian acreditava que se juntar a Voldemort significaria deixar seu poder de lado para seguir outro. Algo que ele não gostou nada. — Dumbledore caminhou novamente em direção à vitrine brilhante de memórias. — Ele acabou se juntando mais tarde, quando Voldemort ganhou mais poder e foi forçado a subjugar os seus.

Erika assentiu, pensativa. Ela nunca tinha visto seu avô e seu pai nunca o mencionou. Ela só viu pinturas antigas dele na casa, cobertas com cobertores, dando a entender que seu pai não as estava protegendo da poeira, mas sim por puro ressentimento.

— Eu entendo...

Dumbledore observou pelo canto do olho, à sua frente, um frasco onde se podia ler Parkinson, Spencer, 1965. Ele olhou para baixo e depois se virou para ela.

— Por hoje é tudo, Erika. Você pode ir descansar. — ele anunciou após alguns segundos de silêncio. — Te chamo quando tivermos outra reunião.

O Lufa-Lufa assentiu cordialmente em despedida e saiu do escritório perdido em pensamentos.

Aquela interação vista entre seu avô e seu pai era uma cópia quase intacta de como Nathaniel tratava Danielle quando ela era estudante. As muitas vezes que Nathaniel disse a ela que era inútil, não qualificada e assim por diante. Ele estava apenas descontando a raiva que sentia por seu pai na sua irmã e nela.

Ele estava repetindo a mesma história para sentir poder e segurança consigo mesmo.

Nathaniel estava em busca de validação e poder constante.

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As seletivas de quadribol aconteceram no fim de semana. Felizmente, os testes da Grifinória e da Lufa-Lufa seriam no mesmo dia. A casa do leão teria seus testes pela manhã, enquanto a casa do texugo teria seus testes à tarde.

Ron havia dito a ela na aula de Feitiços que eles fariam os testes no mesmo dia e sugeriu que eles fossem apoiar um ao outro. O apoio que recebeu da Lufa-Lufa no ano anterior, quando não tinha certeza se continuaria ou não no time, foi valioso, então ele quis retribuir o favor.

Erika ficou atenta em como Zacharias lidaria com os testes da equipe. Ela sentiu uma sensação estranha no estômago, quase como uma sensação ruim, e não sabia se era porque não confiava nele ou porque algo ruim iria realmente acontecer. Somando-se ao seu desconforto estava a dor de cabeça latejante com a qual ela acordou. Ela estava um pouco ansiosa sem saber se poderia fazer o seu melhor.

Depois do café da manhã Ernie propôs praticar antes das provas antes de ir assistir as provas da Grifinória, ela pensou bem antes de aceitar. Erika sentia como se sua cabeça estivesse sendo martelada a cada segundo, mas queria praticar por pelo menos alguns minutos.

Eles passaram menos de dez minutos jogando goles um no outro, os dois estavam um pouco distraídos e resolveram deixar para depois quando Ernie tentou pegar a bola com a boca.

— Ei, como está Susan? — Ernie perguntou enquanto colocava a goles na sacola que havia trazido.

Erika suspirou com a pergunta, por um momento ela havia esquecido disso. Aquela manhã não foi incomum apenas por causa da dor de cabeça ou da sensação estranha no estômago. Susan acordou no meio da noite de um pesadelo, ela havia sonhado que os Comensais da Morte estavam atrás dela depois do que aconteceu com sua tia.

A ruiva acordou chorando e as duas colegas de quarto perceberam imediatamente. Erika foi a primeira a se levantar e correr para ver o que estava acontecendo, abraçando-a para acalmá-la enquanto Hannah acendia as luzes e descia para pegar um copo de água para ela.

A pobrezinha tremeu de medo quase a noite toda até que, quando o sol da manhã começou a nascer, ela adormeceu. O sono de Hannah e Erika desapareceu completamente quando decidiram ficar com ela até ela adormecer.

— Está melhor. Hannah está acompanhando ela, vai deixá-la dormir durante a manhã para que ela possa acordar direto para almoçar e não perder as provas. — Erika comentou, ajeitando o cabelo em uma das janelas. — Isso me deixa um pouco triste, sim. Me pareceu estranho que ela estivesse muito tranquila depois de tudo o que aconteceu com a tia.

Ernie assentiu com um olhar triste, pensando em como sua amiga estava passando mal.

— Certamente ela não queria nos preocupar ou ela mesma estava tentando silenciar sua dor. Mas é difícil, afinal era sua única família, ela deve se sentir péssima. — com um suspiro ele se virou para olhar para Erika. — Vá ver Ron, irei até a sala comunal esperar Susan acordar e ajudá-la a se animar.

Frukke assentiu e caminhou em direção ao campo de quadribol depois de apertar o ombro do amigo.

Ao se aproximar do campo, ela conseguiu ver alguns garotos da Grifinória voando por aí, alguns indo muito bem, então Erika presumiu que fossem os permanentes do time, mas outros ficaram muito... Tristes de ver à distância.

Subiu as escadas com calma e quando chegou aos degraus viu como as pessoas que estavam voando quando ela chegou desceram das vassouras. Ela caminhou até a grade para ver melhor, havia gente demais para os testes e ela jurou que viu pessoas que nem estavam na Grifinória sussurrando enquanto olhavam para Harry.

Pelo canto do olho ela viu alguém levantar a mão e movê-la com entusiasmo enquanto pulava para chamar sua atenção. Erika semicerrou os olhos para focar melhor e sua boca se abriu de surpresa quando percebeu que era Nigel Wolpert, o garoto da Grifinória que conheceu quando as reuniões da AD foram realizadas.

Erika o cumprimentou de volta com um sorriso, foi difícil para ela reconhecer o menino já que havia crescido bastante. Ele já estava no terceiro ano e em sua mente ainda era o garotinho do segundo ano que implorou a Hermione para não ficar brava com ela por ajudá-los a não serem pegos por Umbridge.

Nigel foi até Ron, que estava parado no meio da multidão. Ele tocou o ombro dele e apontou com entusiasmo para as arquibancadas em sua direção. O ruivo ergueu os olhos e sorriu aliviado ao notar a presença da Lufa-Lufa. Erika fez sinal de positivo com o polegar para encorajá-lo e ele acenou com a cabeça agradecido e depois olhou um pouco mais longe.

Os olhos de Erika seguiram o olhar dele e viram Hermione sentada um pouco mais longe, lendo um livro enquanto as provas faziam uma pausa. Inconscientemente um sorriso apareceu no rosto da Lufa-Lufa e ela caminhou em sua direção com cuidado.

— Bom dia, está ocupada? — Erika perguntou com um tom exageradamente cordial que fez a Grifinória sorrir.

— Pelo contrário. — Hermione fechou o livro e o colocou de lado para focar sua atenção na garota de olhos azuis. — Se você está se perguntando, ainda não foi a vez de Ron.

A Lufa-Lufa assentiu enquanto se sentava ao lado dela e olhava para o campo onde muitas pessoas murmuravam ou riam enquanto olhavam para Harry.

— E o que eu perdi?

— Testes de caçador e testes de rebatedor. — comentou a morena observando Ron se preparar para os testes de guardião. — Ginny participou do teste de caçador, acho que ela foi excelente. Alex aplicou novamente para acertar.

A surpresa no rosto de Erika foi perceptível ao saber que Ginny havia se inscrito como artilheira, ela não sabia por que, mas se ela pensava em uma posição de quadribol para a Weasley era algo como goleiro ou batedor. Mas quando soube que seu primo estava concorrendo novamente, não ficou muito surpresa.

Ela olhou para o campo e viu seu primo se afastando do grupo enquanto brincava com o taco. Scamander havia ficado sozinho depois que os gêmeos se formaram, as outras pessoas com quem ele conversou não falaram com ele depois do que aconteceu fora da enfermaria. Afinal, ele não falava com mais ninguém além do trio de ouro que estava em seu ano.

— Você vem me ver nas provas depois do almoço? — Erika perguntou quando os candidatos a guardiões subiram em suas vassouras.

Ron subiu em sua vassoura e voou para um lado da quadra enquanto no lado mais próximo de onde Erika e Hermione estavam, infelizmente, Cormac Mclaggen se posicionou com confiança na frente dos aros.

— Claro que irei ver você. — Hermione respondeu com obviedade e um sorriso adorável. — Acredite, eu não perderia por nada. O quadribol é mais fácil de tolerar se for você quem joga.

As bochechas de Erika rapidamente ganharam uma cor vermelha, desviando o olhar de vergonha. Ainda era difícil para ela processar que ambas pudessem dizer coisas assim uma a outra.

De sua parte, Hermione adorava ver as bochechas pálidas de Erika ficarem com um tom fofo de rosa toda vez que flertava sutilmente com ela.

O teste começou e à medida que avançava a testa da Lufa-Lufa franziu.

O idiota Cormac era muito bom.

Às vezes ela começou a pensar que o ódio que havia gerado pelo Grifinório de cabelos cacheados era bobagem. Ele apenas olhou para Hermione na tenda dos gêmeos, nada mais. Ela não tinha nenhum motivo real para se sentir chateada.

Bem, uma razão válida, se ela fosse honesta.

Felizmente para ela (se é que poderia chamar assim), o motivo apareceu imediatamente.

Cada vez que ele parava uma goles, o garoto se virava para olhar para Hermione com um sorriso presunçoso. Como se ele soubesse que Hermione estava observando ele ser o melhor.

Erika instintivamente sentou-se mais perto de Hermione, olhando relutantemente para o Grifinório. Mas, infelizmente para ela, não foi suficiente. Era como se Cormac ignorasse a presença dela, piscando para a morena sempre que podia e Hermione se mexesse um pouco desconfortável na cadeira.

— Eles estão empatados. — Hermione murmurou enquanto brincava com seus cabelos, olhando para Rony. — Coitado, daqui vejo como ele ficou pálido.

Erika olhou para o amigo com tristeza e depois olhou para Cormac, que estava confiante demais em sua vassoura, ainda lançando olhares para Hermione.

Talvez ela pudesse fazer uma pequena brincadeira...

Erika se afastou de Hermione e fingiu tossir enquanto olhava para Cormac.

Confundus. — Erika murmurou entre uma tosse falsa, sem tirar os olhos do garoto.

Hermione estava muito focada em Ron para perceber isso. Erika se aproximou novamente da Grifinória, pegando sua mão com naturalidade, como se não tivesse feito nada de errado.

Elas viram Ginny voar rapidamente em direção a Cormac com a goles debaixo do braço e, para surpresa de todos, exceto Erika, Cormac moveu-se para o lado errado, permitindo que ela marcasse. O menino olhou em volta confuso, sem entender o que havia acontecido. Ele piscou algumas vezes enquanto procurava mentalmente uma razão, mas não encontrou nenhuma.

Erika não conseguiu conter o grande sorriso zombeteiro em seu rosto quando viu Mclaggen descer para o campo totalmente chateado.

— Você viu isso? Era como se ele tivesse confundido esquerda com direita! — a morena exclamou surpresa, um pequeno sorriso aparecendo em seu rosto.

— Bem, talvez ele fique confuso de vez em quando. — Erika deixou escapar, muito orgulhosa de ter conseguido um feitiço não-verbal com sucesso. — Pelo menos Ron ficou no time.

Hermione olhou para ela por alguns segundos e depois assentiu.

— Sim, foi um golpe de sorte.

Erika manteve aquele grande sorriso de orgulho e zombaria, mas ela quebrou quando seu corpo se lembrou da dor de cabeça com a qual havia acordado. Ela imediatamente chamou a atenção da Grifinória que gentilmente tocou seu ombro para se aproximar dela.

— Você está bem? — a preocupação ficou evidente em suas palavras.

— Eu estou. Acordei com dor de cabeça pela manhã, talvez tenha dormido mal ou algo assim... — Erika murmurou com os olhos fechados, buscando acalmar a dor.

— Você deveria beber alguma coisa antes das provas, não quero que nada aconteça com você enquanto estiver em altitude. — a mão de Hermione pousou na bochecha de Erika para acariciá-la suavemente.

O rosto da Lufa-Lufa foi levado pela carícia, entregando-se completamente.

— Eu farei isso só porque você disse. — Erika murmurou, os olhos fechados permitindo-se ser acariciada.

Hermione sorriu satisfeita e beijou sua testa suavemente antes de apertar sua mão.

Depois que os testes da Grifinória terminaram, Erika foi até a enfermaria pedir uma poção para dor de cabeça. Pomfrey entregou-lhe um e mencionou que se continuasse, deveria ir novamente para que ela pudesse revisá-la cuidadosamente.

O almoço passou rapidamente, com Susan fora da sala comunal, comendo em silêncio enquanto Hannah e Ernie conversavam sobre o que poderia acontecer na equipe.

Não havia muitas pessoas se inscrevendo para as provas de Quadribol em comparação com o que Erika viu nas provas da Grifinória. Havia os habituais da equipe, alguns do terceiro ano em diante, mas ninguém do ano ou sétimo ano.

Ernie e Erika estavam um pouco confiantes, haviam conseguido entrar no time durante todo esse tempo, já no penúltimo ano letivo era quase absurdo eles terem reprovado.

Os dois olharam para a arquibancada e viram seus amigos ao lado de Neville conversando animadamente enquanto esperavam para ver tudo começar. Sorrisos apareceram em seus rostos ao verem que Susan estava visivelmente de bom humor em comparação com a forma como a tinham visto pela manhã.

Erika procurou Hermione e a encontrou chegando na arquibancada ao lado de Ron, sem Harry.

O garoto de óculos vinha agindo de forma estranha com ela ultimamente, ele não falava muito com ela, olhava para ela de forma estranha. Como se ele estivesse tentando ler. Já não era um livro aberto o suficiente para todos?

Hermione sentou-se perto dos Lufa-Lufas e acenou na direção da garota de olhos azuis, que rapidamente corou e arrumou sutilmente o cabelo antes de acenar de volta com uma confiança estranha.

— Bem, reúnam-se todos! — Zacharias exclamou. Todos os que aguardavam as provas se aproximaram dele, formando um grupo comum. — Meu nome é Zacharias Smith, o novo capitão! Quero lembrar que estar no time é uma honra que você deve carregar com orgulho. Devo lembrar aos veteranos que o fato de já estarem no time há algum tempo não garante a permanência, então dê o seu melhor.

Ernie e Erika se entreolharam pelo canto dos olhos, fazendo caretas óbvias. Eles sabiam que ele se referia a eles no fundo.

— Primeiro vou começar os testes do buscador, os demais podem praticar um pouco se quiserem. — dito isso, os candidatos aos buscadores o abordaram com vassouras na mão.

Ernie e Erika se moveram para o lado começando a se aquecer um pouco, correndo para frente e para trás e alongando levemente o corpo. Eles observaram o início dos testes de busca enquanto verificavam se tudo estava em ordem com suas vassouras e bastão.

— Você quer que eu te ajude a se aquecer mais tarde jogando o balaço? — Ernie perguntou sentando no chão enquanto limpava sua vassoura.

— Deixe-me ajudá-lo primeiro, depois dos buscadores vêm os caçadores. — Erika se levantou indo procurar a goles que Ernie havia trazido.

O loiro assentiu com um pequeno sorriso e ficou de pé enquanto agarrava sua vassoura cheia de energia. Assim que ambos ficaram ligeiramente suspensos no ar, começaram a atirar a goles um no outro com diferentes níveis de força, forçando-se a se mover de vez em quando.

O bom foi que aquele pequeno aquecimento ajudou as duas, arremessar e receber a goles ajudou o ombro de Erika a se aquecer para acertar o balaço mais tarde.

Depois de alguns minutos, quando o teste terminou com um período de descanso, eles decidiram começar a se movimentar pelo campo. O que era um aquecimento virou uma brincadeira entre os dois, onde ambos trapaceavam e mostravam a língua quando a goles chegava perto do chão.

Em uma das voltas de Erika, ao receber a goles muito mal lançada de Ernie, ela conseguiu dar uma olhada nas arquibancadas. Seus amigos ainda conversavam entre si e quando ela procurou por Hermione sua testa franziu em confusão.

Ela não sabia de onde veio isso, mas Cormac Mclaggen estava sentado ao lado dela conversando com ela sabe-se lá o quê, provavelmente algo bobo porque Hermione não estava nem um pouco interessada.

Talvez se eles estivessem conversando normalmente, Erika deixaria passar como na vez em que notou ele olhando para ela na loja dos gêmeos, mas o idiota a estava deixando desconfortável de uma forma bastante óbvia. Não foi o suficiente para ele incomodá-la pela manhã, mas ele decidiu arruinar o dia dela à tarde também.

Aproveitando que estava perto do chão, voou até onde havia deixado o bastão e pegou-o. Ela
passou por Ernie e entregou-lhe a goles graciosamente enquanto voava para longe.

— Me deu vontade de praticar balançar o taco, arremessá-lo. — Erika falou, afastando-se lentamente alguns metros, com o olhar fixo nas arquibancadas.

— Não seria melhor usar um balaço? — o loiro inclinou a cabeça confuso.

— Seria um pouco perigoso.

Ernie não encontrou falhas em sua lógica. Com força ele jogou a goles na direção da amiga.

Erika sabia que logicamente as goles não deveriam ser atingidas com tacos porque eram muito leves. Isso fez com que eles escorregassem um pouco.

Mas era exatamente isso que ela usaria a seu favor.

O taco acertou a goles com força, exatamente como a Lufa-Lufa havia calculado. Seguindo em direção às arquibancadas, a bola voou com força até finalmente colidir com as arquibancadas, especificamente perto da cabeça de Cormac, obrigando-o a pular para trás assustado, para longe de Hermione.

A morena também ficou bastante assustada, afastando-se dele instintivamente devido à força do golpe da goles contra os degraus de madeira. Seu olhar rapidamente foi para o campo, onde viu Erika chegar em uma vassoura com o bastão na mão, o rosto completamente sério como se nada tivesse acontecido.

— Desculpe, erro meu. — a garota de olhos azuis se desculpou, descendo da vassoura e passando por cima do corrimão para chegar ao lado de Cormac e pegar a goles. — Pelo menos não caiu na sua cara.

Cormac virou-se com raiva para ela, estava um pouco pálido de susto, mas o vermelho de raiva começava a ganhar força em seu rosto. Erika aproveitou para olhar em volta, seus amigos haviam se aproximado, um pouco preocupados com Hermione, assim como Rony, que estava do outro lado conversando com Harry, que havia decidido aparecer.

— Qual é o problema?! Você não deveria acertar uma goles com um taco! — afirmou o garoto furioso, parando na frente dela e ultrapassando-a ligeiramente em altura.

— Não foi tão ruim assim, só escorregou um pouco. — Erika comentou com um pequeno sorriso inocente enquanto caminhava novamente em direção ao corrimão.

— Um pouco? Você quase me matou! — exclamou o menino com cachos, franzindo a testa.

A Lufa-Lufa virou-se para olhá-lo com um falso sorriso de desculpas e depois olhou para Hermione preocupada. A Grifinória olhou para ela atordoada, não só porque a Goles estava passando em alta velocidade e atingindo as arquibancadas perto dela, mas porque sabia que Erika estava se fazendo de inocente e era uma atitude que ela gostava mais do que deveria.

— Você está bem? — Erika perguntou a ela, e Hermione assentiu lentamente em silêncio.

Cormac agarrou o pulso de Erika e a forçou a virar-se para encará-lo diretamente.

— Conheço seu joguinho, Frukke. Você age de forma inocente toda vez que faz algo que não deveria. — o garoto rosnou, apertando ainda mais o pulso da Lufa-Lufa.

A garota de olhos azuis franziu os lábios, pensando um pouco, depois encolheu os ombros.

— Sim, pode ser. Talvez você não seja o único a confundir direções hoje.

— O que está acontecendo? — Ernie perguntou se aproximando em sua vassoura, olhando relutantemente para Cormac.

O Grifinório olhou relutantemente para Erika, que o olhava com uma cara completamente inocente. Ele ficou furioso e sabia que se começasse uma briga não conseguiria lutar contra os texugos raivosos que estavam do lado observando tudo. Ele tomou a sábia decisão de ir embora e, finalmente, Ron veio correndo preocupado.

— Merlin, o que aconteceu?! — perguntou apavorado ao ver a marca da goles na arquibancada.

Hermione não conseguia tirar os olhos de Erika, e o fato de ela estar usando o uniforme de quadribol não ajudou em nada a aliviar o calor repentino que ela estava sentindo, não apenas em suas bochechas.

— Erika... Será que...? — Hermione gaguejou, observando a Lufa-Lufa retornar para sua vassoura enquanto ela balançava a cabeça.

— Sim... — Erika admitiu envergonhada, mudando completamente de atitude agora que Cormac se foi. — Desculpe por assustar você.

E com isso ela voou para longe com as bochechas completamente tingidas de vermelho enquanto Ernie perguntava o que diabos havia acontecido.

Por dentro, Erika estava grata por ter feito uma boa pontaria pela primeira vez na vida.

Os testes dos caçadores começaram e Erika sentou na grama para olhar o amigo. Ela ainda estava envergonhada por suas ações minutos atrás, então sentou-se longe dos olhos dos outros.

— Você consegue, Ernie! — Susan foi ouvida gritando, e Erika conseguiu ver como as bochechas de seu amigo ficaram levemente vermelhas.

Oh. Então foi isso.

O teste do artilheiro foi simples, uma simulação de uma partida normal de quadribol para ver como eles se comportavam no ar e quão responsivos eram quando se tratava de dar e receber passes.

Ernie era um excelente artilheiro, rápido e estratégico no momento. Ele deixou claro que sua posição como artilheiro sempre foi sua e Erika sentiu um orgulho enorme pelo amigo.

Assim que as provas terminaram, Ernie pulou da vassoura. Nos degraus, Hannah pulava enquanto aplaudia o amigo, Justin aplaudia com entusiasmo e Susan olhava para o loiro com um pequeno sorriso.

Minutos depois começaram os testes dos batedores.

Erika tentou distrair seu corpo da dor de cabeça concentrando-se em acertar o taco com os joelhos enquanto caminhava em direção à vassoura. Verificou se todo o seu equipamento estava em boas condições e subiu na vassoura para começar a subir aos poucos.

Ela jogou o cabelo nervosamente e olhou para Hermione na arquibancada em busca de algum conforto. O olhar da morena já estava nela quando a viu, a grifinória sorriu suavemente para ela e proferiu um 'boa sorte' que Erika ficou muito grata.

Havia mais candidatos a batedores do que o normal e ela não pôde deixar de pensar que seria mais difícil do que antes. Ela não queria menosprezar os das séries iniciais, nunca sabe se alguém se tornaria um jogador de quadribol promissor.

O teste começou, mas imediatamente se tornou um pesadelo para ela. O teste consistia em defender os caçadores e atacar para ganhar vantagem, mas cada vez que subia muito a dor de cabeça se intensificava. Ela tinha que parar de vez em quando para fechar os olhos e tentar deixar a dor se dissipar o suficiente para pelo menos conseguir acertar o balaço de maneira decente.

Houve um momento em que o balaço roçou com força sua cabeça, fazendo-s balançar levemente na vassoura. Ela segurou com força para não cair e piscou rapidamente ao ouvir o pequeno zumbido que surgiu em seu ouvido.

As pessoas na arquibancada se levantaram rapidamente ao ver que Erika havia cambaleado. Hermione olhou para ela preocupada, notando como ela estava um pouco desorientada. Ela ouviu murmúrios, percebeu que alguns que estavam de passagem pareciam tão preocupados quanto ela. Embora, é claro, ela não pôde deixar de sentir uma sensação de aborrecimento ao ver que Tracey Davis estava extremamente preocupada.

O teste não saiu como Erika queria e ao tocar o chão cambaleou um pouco, a mão caindo na cabeça ao sentir uma leve tontura.

— Você está bem? O balaço atingiu você? — Ernie se aproximou totalmente preocupado.

— Não fui atingida, minha dor de cabeça piorou quando comecei a voar. — Erika murmurou caminhando até a beira da quadra para sentar com os olhos fechados enquanto as últimas provas começavam. — Eu fui muito mal?

— Não, acalme-se. Eu acho que você se saiu bem. — Ernie sentou ao lado dela, a cabeça da amiga caindo em seu ombro. — Dói muito?

Erika acenou com a cabeça com um suspiro enquanto Ernie pedia a Leanne uma garrafa de água para sua amiga. A garota de olhos azuis sentiu frio na nuca depois de alguns minutos, ajudando a diminuir um pouco a dor.

Zacharias chamou todos para entregar os resultados, com dificuldade, Erika se levantou e Ernie imediatamente pegou seu braço para ajudá-la. Ambos caminharam lentamente até se juntarem ao grupo em torno de Smith.

O novo capitão tirou um pergaminho com o nome de cada um dos que restavam no time principal. Erika sorriu ao ouvir o nome de Ernie no time principal, mas quando os batedores passaram um silêncio tomou conta de todo o time, sentindo falta imediata de Zacharias.

— O que?

— Você não nomeou Erika. — Applebee comentou confuso.

— Claro, não foi a principal. — ele disse obviamente e todos se entreolharam confusos.

A garota de olhos azuis estava muito preocupada com sua dor de cabeça para se concentrar nos olhares que seus companheiros de equipe lhe lançavam.

Eles estavam acostumados com Erika como rebatedora desde o terceiro ano, não podiam acreditar que Smith a tirou do time principal.

— Mas Zacharias... Erika é nossa rebatedora desde o terceiro... — Leanne murmurou com uma pequena risada nervosa.

— Sim, mas este ano não será.

— Por que? — Erika se atreveu a perguntar, pelo menos ela precisava saber os motivos.

— Você se distraiu muito e não seguiu um vôo constante. Isso pode custar-nos um jogo importante. — ele explicou sério e todos franziram a testa, menos Erika.

— Mas ela...!

— Agora, deixe isso. — Erika o interrompeu, acariciando suas têmporas para evitar que a dor de cabeça aumentasse. — Estou fora então?

Zacarias revirou os olhos.

— Você só ficará no banco. Você deveria vir treinar de qualquer maneira, não é o fim do mundo. — o garoto suspirou com raiva enquanto colocava o pergaminho no bolso. — Você pode ir embora.

Erika se libertou do aperto de Ernie e caminhou em direção ao castelo em ritmo acelerado, sua dor de cabeça aumentando com a frustração e raiva que ela começava a sentir. Ela ignorou os chamados de seus amigos e de Hermione, que se destacaram mais do que todos em seus ouvidos.

— O que aconteceu? — Hannah perguntou assim que Ernie se aproximou, vendo como a garota de olhos azuis estava caminhando sozinha para o castelo.

— Zacharias a tirou, ficou no banco. — o loiro disse suspirando e Justin soltou um gemido irritado.

— Eu sabia que ele procuraria qualquer coisa para prejudicá-la!

— Não entendo, por que eles se dão tão mal? — Neville perguntou surpreso, percebendo como sua namorada bufava exasperadamente lembrando de tudo o que aconteceu durante todos esses anos.

— É uma rivalidade boba que eles geraram porque têm personalidades diferentes. — Susan disse quando decidiram voltar para o castelo. — Zacharias sempre foi um idiota que não sabe fechar a boca e Erika sempre foi uma idiota que não sabe pensar antes de falar.

Hermione assentiu levemente, ela havia notado o pequeno detalhe que a Lufa-Lufa tinha esse hábito de não pensar antes de falar.

— Eles nunca se toleraram e nunca o farão. — Hannah concluiu, abraçando o braço de Neville. — Certamente agora Zacharias está morrendo de rir por fazê-la se sentir mal.

— Mas ela vai ficar bem? — perguntou Ron um pouco preocupado.

— Falaremos com ela, mas tenho certeza que ela ficará bem. — Susan assegurou e então olhou para Hermione que estava com a testa levemente franzida enquanto olhava em direção ao castelo. — Falar com você iria ajudá-la um pouco...

Hermione se virou para olhar para ela com uma leve surpresa e um rubor nas bochechas.

— Você acha?

— Tenho certeza. Eri mudou muito esse ano, mas tenho certeza que com você, ela continua a mesma de sempre. Não lhe faria mal nenhum derrubar o muro que ela ergue ao seu redor de vez em quando. — a voz de Susan soava um tanto melancólica, deixando a Grifinória entender que ela não era a única que havia sentido os efeitos da mudança da garota de olhos azuis.

Hermione assentiu silenciosamente, pensando em como Erika devia estar se sentindo com tudo o que estava acontecendo.

Todos voltaram para suas salas comunais em silêncio, o sol já começava a se pôr e o sono aos poucos tomava conta deles.

Quando Susan e Hannah voltaram para o quarto, viram Erika deitada em sua cama enquanto abraçava o bicho de pelúcia gigante Knarl que lhe deram no quarto ano. As duas se entreolharam, quase silenciosamente se perguntando o que fazer. Foi Susan quem silenciosamente se aproximou da amiga.

— Incomodada? — Susan perguntou carinhosamente, sentando na beira da cama.

— Frustrada. — Erika esclareceu, apertando seu bichinho de pelúcia com mais força. — Ele tem razão, não fiz um bom teste.

— Você concorda com Zacharias? — Hannah ficou genuinamente surpresa.

— Sim, e eu odeio isso. — Erika reclamou, seu corpo encolhendo enquanto escondia o rosto no bichinho de pelúcia. — Minha dor de cabeça piorou quando comecei a voar e um balaço quase estourou minha cabeça. Eu entendo para onde sua lógica estava indo.

— Sim, mas quem ele escolheu jogar horrível. Acho que foi injusto, Eri... — Hannah insistiu, olhando preocupada para a amiga.

Erika grunhiu baixinho e largou o bichinho de pelúcia para deitar de costas, olhando para o teto por onde a luz fraca do sol da tarde entrava. Ela virou a cabeça para olhar para suas duas amigas, com os olhos cansados.

— Não importa, tenho coisas mais importantes com que me preocupar do que ficar implorando ao Smith. — Erika murmurou, suas pálpebras caindo de cansaço. — Além disso, minha cabeça ainda dói.

— É por isso que você deveria pedir para ele fazer os testes novamente! Você não estava em condições. — a loira falou com ainda mais insistência e o rosto de Erika se enrugou.

— Não vou dar o prazer de implorar. Não sou de implorar e muito menos para ele. — Erika disse enquanto se sentava na cama, segurando a cabeça.

— Às vezes você é tão teimosa, Erika... — Susan murmurou com um suspiro enquanto se levantava. — Vamos descer para ir até Pomfrey antes de jantarmos. Essa dor de cabeça que você tem me preocupa um pouco.

Relutantemente, ela saiu da cama e seguiu as amigas para fora do quarto. Desceram as escadas, sendo recebidas pela leve agitação de conversas entre seus companheiros de casa e música suave ao fundo, procuraram Justin e Ernie para irem juntos para a grande sala de jantar. Justin estava conversando com um aluno da sétima série, mas Ernie estava ao lado de Leanne conversando com Zacharias.

Leanne era uma garota asiática de tamanho médio com cabelos castanhos na altura dos ombros. Ela jogava no time desde o quinto ano onde começou a conviver um pouco mais com seus colegas de ano e de casa, era mais próxima de Katie Bell da Grifinória, sua amiga de infância.

Mesmo assim, eles conversavam de vez em quando e o quinteto de texugos percebeu que eles se davam bem.

Ela pôde ver como Leanne deixou cair os ombros em derrota depois que Zacharias disse algo. Ernie falou, movendo as mãos com insistência, e quando Smith negou pôde ver a expressão irritada do amigo.

As três decidiram se aproximar.

— Mas Zacharias, se o que Ernie diz é verdade, talvez você devesse fazê-la repetir... — a calma na voz de Leanne era contagiante. — Além disso, temos Erika há anos, desde que Cedric assumiu como capitão.

— Sim, mas no meu teste ela errou. Seria injusto deixá-la no time só porque "ela é a rebatedora há anos". — Zacharias explicou sério, revirando os olhos.

— Por isso estou falando para você deixar ela repetir os testes, não custa nada. — Macmillan resmungou, cruzando os braços. — Ela não se sentiu bem, você sabe que ela pode fazer melhor.

Os três notaram a chegada de Erika, Susan e Hannah. A garota de olhos azuis compartilhou um olhar inexpressivo com Zacharias que suspirou, baixando o olhar e depois olhando para Ernie.

— Olha, você está chateado porque não deixei sua amiga no time principal e pronto. Insistir não vai te ajudar em nada, o fato dela já ter tido tratamento especial antes por ser amiga do Cedric não é problema meu.

Imediatamente as sobrancelhas de todos que ouviam a conversa franziram a testa.

— Não recebi nenhum tratamento especial por ser amiga do Cedric. — Erika retrucou irritada e depois olhou para Ernie. — Não precisa pedir nada a ele, deixe por isso mesmo.

Seu amigo olhou para ela incrédulo quando viu que ela não iria lutar para conseguir o que merecia.

— Mas Erika, não é justo eu ter tirado você só porque foi mal nessa prova e ignorou o quão bem você jogou todo esse tempo. — Ernie disse sério, franzindo a testa.

— Vocês realmente precisam aprender a ser bons perdedores. — Zacharias murmurou, olhando para cada um com a testa franzida. — Só porque estou sendo mais lógico que Cedric e Summerby como capitão não significa que estou tomando decisões erradas.

— Não me diga que você se acha superior a eles. — Hannah bufou zombeteiramente. — Você não está nem perto dos calcanhares deles.

O menino olhou para Hannah e depois para Susan, as duas meninas estavam lado a lado com Erika, como se fossem suas guarda-costas.

— Cedric não tomou decisões sérias e Summerby apenas repetiu o que Cedric havia dito ou fez o que Cedric faria. — ele cruzou os braços, seu olhar pousando em Erika. — Não há problema em tomar decisões emocionalmente, mas claramente a lógica é superior no quadribol.

— Você se acha muito inteligente por que não é capaz de sentir nenhuma emoção, certo? — Erika rosnou, tentando se aproximar, mas Hannah rapidamente agarrou seu braço. — Pare de falar mal de Cedric.

— Não estou falando mal dele, só estou fazendo a crítica de que ele era muito emotivo na hora de tomar decisões. — ele esclareceu revirando os olhos. — Você não era tão boa quando se inscreveu como rebatedora no terceiro ano e por isso ele te deixou como artilheira. Por que você não fica calma e assume que desta vez alguém não está lhe dando algo?

Totalmente frustrada, Erika deu um soco no rosto de Zacharias, mas ele rapidamente evitou com um sorriso zombeteiro.

— Boa tentativa, mas você... Augh!

Zacarias não conseguiu terminar de falar porque um golpe na bochecha o interrompeu. Todos na sala comunal ficaram surpresos ao ver o menino tropeçar para trás, a mão na bochecha dolorida enquanto virava o rosto, incrédulo, em busca do culpado.

Justin se aproximou deles para ver o que estava acontecendo e todos se entreolharam imaginando quem seria, mas quando seus olhares desceram para a ruiva ao lado de Erika que estava acariciando os nós dos dedos doloridos eles souberam.

— Ai... — Susan murmurou, vendo como seus nós dos dedos ficaram vermelhos.

O quinteto de texugos não conseguia acreditar que Susan, a inocente e calma Susan, havia dado um soco no rosto de Zacharias Smith.

Ernie soltou uma risada incrédula e começou a rir um pouco nervoso, seu olhar mudando de Susan para Zacharias, que também não conseguia processar o que havia acontecido.

O menino espancado balançou a cabeça, olhando para Susan enquanto se afastava sob o olhar do resto da casa da Lufa-Lufa, mas o olhar do quinteto de texugos não conseguia desviar de Susan.

Susan olhou para eles timidamente, um sorriso ameaçando surgir.

— É... Mas não ria...

— Não acredito, Susie! — Hannah exclamou rindo enquanto abraçava sua amiga com força.

— Desculpe, não sei como isso aconteceu... — Susan murmurou envergonhada enquanto todos na sala comunal se dispersavam para ir jantar. — O que ele disse me incomodou muito, não sei por que bati nele.

— Você não tem nada pelo que se desculpar! Você até deu um soco como ensinamos no segundo ano. — Ernie comemorou alegremente. — Foi incrível!

Susan corou levemente, embora seus amigos parecessem bastante felizes com o que havia acontecido, ela não pôde deixar de se sentir um pouco culpada por ter batido em uma colega de casa. Mesmo assim, ninguém conseguiu tirar a leve satisfação que ameaçava surgir.

Ao se aproximarem do grande salão notaram que Hermione estava encostada na parede em frente às grandes portas, olhando para os pés um pouco nervosa. Erika olhou para a morena com curiosidade, ela estava adorável movendo os pés de um lado para o outro em um ritmo específico.

— Olá, Hermione! — Hannah falou exageradamente alto para que a morena percebesse que Erika estava ali.

Porque para todos, menos para Erika, era óbvio que ela estava esperando pela garota de olhos azuis.

Hermione olhou para cima um pouco assustada, mas se acalmou quando viu que era o quinteto de texugos. Ela se separou da parede e se aproximou deles com um sorriso.

— Oi, pessoal. — Hermione sorriu, seu olhar caindo sobre Erika. Os quatro restantes começaram a sair silenciosamente para deixá-las sozinhas. — Como você está?

— Bem, e você?

— Estou bem, melhor agora que finalmente posso te ver com calma. — Hermione admitiu com um pequeno sorriso, notando o pequeno rubor nas bochechas da Lufa-Lufa. — Podemos conversar depois do jantar?

Erika assentiu imediatamente, ela não precisou perguntar duas vezes. Ela estava morrendo de vontade de passar um tempo sozinho com ela.

— Claro. Onde você quer se encontrar?

Hermione se aproximou um pouco mais dela e pegou sua mão para acariciar suavemente os nós dos dedos com o polegar.

— Eu gostaria de caminhar com você até a torre de astronomia. As estrelas estão mais brilhantes do que nunca hoje. — Hermione murmurou, notando o pequeno sorriso no rosto da Lufa-Lufa. — O que você acha?

— Perfeito. — a mão dela deu um leve aperto na de Hermione antes de levá-la aos lábios, dando um beijo suave e carinhoso nas costas. — Te espero aqui mesmo assim que acabar.

E com isso Erika soltou a mão dela, caminhando inocentemente em direção ao grande salão, ignorando o rubor que invadiu o rosto da grifinória. Não foi justo! Ela não poderia flertar com ela daquele jeito e depois ir embora sem lhe dar um beijo ou algo assim!

O jantar passou rápido, o quinteto de texugos não parava de falar sobre a pancada que Susan deu em Zacharias, observaram o loiro comer devagar, sua bochecha vermelha ignorando as conversas dos amigos ao seu lado.

Erika foi a primeira a terminar de comer, ela se levantou e olhou nos olhos de Hermione que ainda comia enquanto conversava com Ginny. A Lufa-Lufa sorriu para ela e apontou para a saída indicando que iria esperá-la ali.

Minutos depois Hermione saiu da grande sala de jantar e notou que o Frei Gordo estava conversando com Erika, a garota de olhos azuis sorria suavemente com o que o fantasma estava lhe contando e quando notaram a presença da morena, o fantasma parou de falar.

— Vou deixá-las, senhoras. — o fantasma anunciou gentilmente, desaparecendo em uma das paredes.

— Ocupada socializando com fantasmas? — a morena perguntou divertida, fazendo a garota mais alta rir.

— Estávamos conversando sobre como é estranho ver aurores dentro do castelo. Ele me contou que mais de uma pessoa foi assustada à noite pelo sanguinário Barão durante suas caminhadas noturnas. — Erika explicou, começando a andar, Hermione se juntando a ela. — Essa semana tenho que sair em patrulha, e você?

Hermione balançou a cabeça, seu cabelo longo e ondulado movendo-se levemente.

— Não. Agora que os Aurores estão aqui, eles diminuíram as patrulhas regulares para todos. — comentou enquanto atravessavam uma das pontes. — A verdade é que gostava de patrulhar com frequência, gosto do silêncio do castelo nessas horas.

— Isso me apavora, honestamente. — Erika admitiu envergonhada. — Desde o primeiro ano não suporto os corredores vazios à noite, eles me dão arrepios.

— Não me diga que você tem medo do escuro. — a morena murmurou com um pequeno sorriso no rosto.

Erika corou, não era assim, não era como se ela tivesse pavor do escuro. Apenas gerou um pouco de insegurança e desconfiança.

— Não é isso... — a vergonha na voz dela era perceptível, causando ternura ao adversário. — É que nunca se sabe o que pode sair do outro corredor.

Elas chegaram à torre de astronomia e começaram a subir lentamente a torre em espiral. Quando chegaram ao topo, tiveram a sorte de perceber que não havia mais ninguém. Era comum os alunos irem lá à noite para ficarem sozinhos ou os casais ficarem sozinhos.

Elas caminharam até a grade, permitindo-lhes ver melhor o céu estrelado daquela noite junto com a lua brilhante que estava tão próxima que sentiram que se voassem dali em um cabo de vassoura poderiam tocá-la.

Elas ficaram em silêncio por alguns momentos até que finalmente Hermione falou.

— Fiquei um pouco preocupada depois de ver você saindo do campo de Quadribol, Ernie mencionou que você ainda estava com dor de cabeça. — seus dedos começaram a tamborilar nervosamente no corrimão. — Você está bem?

Erika suspirou e se acomodou no corrimão, com os braços em cima, deixando a cabeça cair sobre eles como se fossem um travesseiro.

— Estou bem. A dor de cabeça fez com que eu não jogasse bem e isso fez com que o Zacharias me afastasse do time principal. — Erika comentou fazendo beicinho que Hermione não conseguia ver. — Estou no banco, então caso aconteça alguma coisa eu posso substituir.

— Mas você não vai jogar como jogadora principal... É uma pena. — Hermione se aproximou dela e acariciou seus cabelos curtos com carinho. — Você não pode pedir para ele repetir o teste para você?

— Não, eu também não quero. Não vou implorar a Zacharias Smith. — Erika rosnou, levantando a cabeça, o queixo agora apoiado nos antebraços. — Já estou satisfeita com a surra que ele levou.

— Surra? — alarmada, Hermione parou a mão no cabelo de Erika. — Diga-me que não foi você...

— Eu gostaria de ter feito isso, mas não. Foi Susan.

Hermione franziu a testa e deu um leve empurrão no Lufa-Lufa, que a olhou indignada.

— Não é certo inventar coisas sobre seus amigos.

— Mas é verdade, foi Susan! — Erika insistiu com total seriedade. — Seus nós dos dedos estão vermelhos e um pouco inchados, pergunte ao Justin, ele estava lá.

Hermione notou que não havia nenhum brilho brincalhão nos olhos da garota mais alta e nenhum sorriso zombeteiro para escapar. A descrença cresceu em seu rosto e seu modo de fofoca entrou em ação.

— Susan Bones bateu em Zacharias Smith? — sua mão caiu em sua boca surpresa e ela notou o sorriso torto de Erika enquanto ela balançava a cabeça. — O que diabos ele fez para levar um golpe?

— Ele começou a falar sobre o Cedric tomando decisões emocionais como capitão e que durante todo esse tempo eles me deram o prazer de estar no time. — Erika comentou, e notou como o olhar de Hermione endureceu. — Ele estava certo quando disse que Cedrico me deixou como caçador porque eu falhei nos testes de batedor, mas isso foi porque ele viu potencial em mim como caçador...

— Mesmo assim ele não tem o direito de te tratar menos, se você melhorou com o tempo foi o suficiente para você ficar. — Hermione apoiou o cotovelo no corrimão, a cabeça caindo na palma da mão enquanto olhava para a garota mais alta.

Erika olhou para a Grifinória por alguns segundos, o luar em suas feições lembrando-a da noite em que percebeu o que sentia por ela. A forma como os olhos de Hermione se suavizavam cada vez que encontravam os de Erika a fazia sorrir incontrolavelmente.

Se ela pensasse no momento em que percebeu que estava perdidamente apaixonada por Hermione Granger enquanto estava na cama do hospital, ousaria dizer que seus sentimentos não mudaram em nada, mas sim aumentaram.

Ela ainda se sentia um pouco boba por ainda corar ou ficar nervosa com qualquer coisa romântica que Hermione fizesse ou dissesse. Mas ela não conseguia evitar, não só porque não estava acostumada com atos assim, mas porque a Grifinória era tão linda que ela ficava nervosa.

A voz dela era tão linda que cada palavra que sai de seus lábios imediatamente chama sua atenção, e ela podia ouvi-la por horas. Ouvi-la falar do que gostava, ouvi-la ler, ouvi-la rir.

Erika queria estar presente em todas as instâncias.

— E você? — Erika decidiu perguntar, ainda olhando para a morena com um pequeno sorriso suave. — Não conversamos muito, não posso deixar de me sentir um pouco culpada por isso, sinceramente.

Os olhos da morena se arregalaram de alarme pois ela não sabia como responder. Em parte, sim, elas não conversaram muito porque Hermione estava respeitando o tempo e o espaço que ela havia pedido. Mas a outra parte era porque Hermione estava estudando muito tanto para Hogwarts quanto para Merlin, além de ter que ajudar e apoiar Harry que estava um pouco difícil de lidar ultimamente.

— Você não deveria se culpar! É que... Bem... Ah... — Hermione suspirou resignada com um gemido, apoiando a testa no corrimão por um momento. A Lufa-Lufa olhou para ela preocupada, mas esperou pacientemente que ela organizasse seus pensamentos antes de falar. — Em primeiro lugar, queria me desculpar por não ter mencionado a você que não assisti às aulas de Hagrid.

— Você não precisa se desculpar por isso, Hermione. — Erika respondeu suavemente. — Embora não seja comigo que você deva falar sobre isso. — sei olhar pousou na cabana de Hagrid, que ainda estava com as luzes acesas e Fang podia ser visto perseguindo alguns vaga-lumes.

— Eu sei... Vou falar com ele junto com Harry e Ron para explicar... Só não tínhamos mais espaço em nossas agendas e...!

Erika riu baixinho e se aproximou dela para segurar sua mão com carinho.

— Não se preocupe, você não me deve nenhuma explicação. Além disso, não acho que Hagrid ficará bravo com você. — Erika assegurou-lhe gentilmente, e depois acrescentou. — De minha parte, eu só esperava ver você na aula e quando não te vi fiquei preocupada pensando que algo tinha acontecido, nada mais.

Hermione corou e sentiu seus dedos se entrelaçarem suavemente, o polegar de Erika acariciando as costas deles descuidadamente.

— O que mais você ia me contar? Você não me contou como foram suas aulas.

— Ah, certo... Bom, estou estressada... — Hermione admitiu derrotada. — Não tenho muito tempo livre, vou para a sala comunal terminar a lição de casa ou estudar. Além das patrulhas e... E Harry! — ela exclamou exasperada ao se lembrar do amigo.

— O que há de errado com Harry?

— É insuportável! — ela reclamou, saindo do corrimão para começar a andar pelo local sob o olhar surpreso de Erika. — Discutimos há alguns dias. Mas não estou chateada com ele só porque discutimos, mas porque ele não consegue largar aquele estúpido livro de poções do estúpido príncipe mestiço.

Isso foi um monte de coisas estúpidas em uma frase para Hermione, então Erika presumiu que fosse algo sério. Erika se virou para olhar para ela, apoiando as costas na grade enquanto processava a nova informação. Fazia sentido que Harry e Hermione tivessem discutido, ela não os via juntos com tanta frequência, via Ron e Harry juntos com mais frequência ultimamente. O que ela não entendia era quem era o príncipe mestiço.

— Por que vocês discutiram? E quem é o príncipe meio-sangue?

— O dono do livro de poções de Harry. — Hermione bufou, ignorando a pergunta sobre a discussão. Erika deixou passar, respeitando que a grifinória não queria falar sobre o assunto.

— Aquele que está escrito com uma caligrafia horrível?

— Sim, mas parece que Harry entende aquela letra de trás para frente. — Hermione resmungou, parando de andar para cruzar os braços.

As sobrancelhas da Lufa-Lufa se ergueram de surpresa com a atitude dela e um sorriso levemente zombeteiro apareceu em seu rosto. Hermione parecia muito fofa quando estava chateada.

— E isso te deixa com raiva, certo?

— Claro que isso me deixa com raiva! — rxclamou indignada, fazendo com que a mais alta se encolhesse um pouco em seu lugar. — É o livro de um desconhecido que, para piorar, possui feitiços desconhecidos não aprovados pelo ministério. Ele usou um em Ron sem saber o que causaria!

— E Ron está bem? — Erika perguntou preocupada.

— Sim, ele disse que estava pendurado nos tornozelos. — Hermione revirou os olhos, parecendo ainda mais irritada. Ela notou o olhar empático da Lufa-Lufa e suspirou. — Sinto muito, Ron fica repetindo que estou com raiva porque Slughorn acha que Harry é um gênio em poções. Em vez de se preocupar com a irresponsabilidade de Harry, ele acha que está indo muito bem.

— Claro, você acha que Harry não está se esforçando muito em poções e os elogios que ele recebe não são pelo esforço e sim pela trapaça. — Erika disse isso como um dado adquirido e Hermione olhou para ela surpresa, um leve rubor nas bochechas.

— Como...?

— Ah, por favor... Quando se trata de acadêmico você gosta que seja justo. Descobrir que Harry ganhou o Felix Felicis porque seguiu as instruções daquele livro deve ter enfurecido você. — Erika respondeu naturalmente, encolhendo os ombros. — São anos de observações durante as aulas, querida. — seu indicador bateu em sua têmpora, quase mostrando suas habilidades de observação silenciosa.

Hermione se sentiu um pouco envergonhada, ela havia esquecido que Erika sabia muito sobre ela só de vê-la na aula. Ela se lembrou de quando contou o que aprendeu com ela durante o quarto ano, quando conheceu Barto. Como percebeu suas intenções por trás de tanto estudar, que não era só porque gostava de ler, mas para mostrar que era igual aos demais.

— E você tem ideia de quem possa ser aquele príncipe mestiço? Presumo que você pesquisou algo sobre isso. — Erika riu baixinho e Hermione assentiu, chegando um pouco mais perto dela.

— Claro que pesquise, mas não há ninguém conhecido por esse apelido.

— Talvez ele fosse realmente um príncipe. — a Lufa-Lufa propôs, vendo como o lábio de Hermione se ergueu um pouco com a ideia.

— Não há registros de pessoas da monarquia frequentando Hogwarts. — Hermione respondeu enquanto se abraçava ao sentir uma brisa fresca.

— Talvez tenha sido secretamente. Príncipe disfarçado para que ninguém o tratasse de maneira diferente. — seu tom de voz misterioso fez Hermione rir baixinho. — Ou talvez apenas o chamassem de príncipe porque ele era bonito.

Hermione inclinou a cabeça e olhou para um ponto fixo no céu enquanto levava essa possibilidade em consideração, ignorando como Erika tirava o suéter na sua frente. Sua atenção voltou quando sentiu o tecido macio em sua mão, sendo o suéter da garota mais alta.

Hermione não pôde deixar de ficar surpresa ao pegar o suéter um pouco confusa.

— Para que?

— Para que? Você está com frio, não está? Vista meu suéter. — Erika disse obviamente e a morena corou.

Começou a vestir o suéter por cima do cardigã, que não era grosso o suficiente para a altura, onde o frio da noite era mais intenso. O cheiro do perfume de Erika a invadiu e ela não pôde deixar de inspirar profundamente. A vestimenta era um pouco larga nela devido à ligeira diferença de altura que compartilhavam. Ela não pôde deixar de sorrir mais um pouco, a última imagem que ela teve de Erika foi aquela no campo de Quadribol quando ela discutiu com Cormac, agora tinha ela na sua frente sozinha, tímida, levemente brincalhona e preocupada.

Hermione gostava dos dois lados dela.

— Do que você está rindo? Cheira mal? — a garota de olhos azuis perguntou apavorada, tentando se aproximar para tirá-lo, mas Hermione recuou enquanto ria, balançando a cabeça.

— Não, não. Só acho engraçado que você aja de forma tão diferente de como agiu com McLaggen nessa tarde.

Erika corou de vergonha e desviou o olhar, fazendo a Grifinória rir.

— Me desculpe, devo ter te assustado com isso. — Erika se desculpou sinceramente, sabia que tinha sido um movimento perigoso e que havia colocado a morena em um perigo bobo. — Ele te incomodou muito?

— Ele estava sendo um idiota. — Hermione confirmou enquanto balançava a cabeça.

— Eu presumi, ele tem cara de um.

Hermione riu baixinho e se aproximou de Erika para que ficassem cara a cara, ela estendeu a mão para escovar uma mecha de seu cabelo curto atrás da orelha, revelando que a ponta dela estava vermelha de vergonha.

— Então, você estava com ciúmes mesmo?

Erika revirou os olhos e bufou incrédula. Que tipo de pergunta foi essa? E mais vindo dela.

— Você já sabe disso sim... — Erika resmungou, franzindo levemente a testa.

A morena manteve o sorriso e seus braços envolveram a lateral do corpo da garota mais alta, encurralando-a contra a grade. Ela conseguiu perceber como, mesmo quando a única fonte de luz era a lua, as bochechas da garota mais alta ganhavam uma cor carmesim brilhante.

E se ela ouvisse com mais atenção, ouviria seu coração batendo nervosamente.

— Nunca é demais ouvi-la novamente. — Hermione murmurou com uma pequena risadinha, tão suave que soou quase como um sussurro. — Espero que você realmente não tenha apontado na cabeça dele.

— Pensei nisso, mas não queria uma segunda acusação de homicídio. — a seriedade na voz dela fez com que Hermione demorasse um pouco para distinguir se ela estava brincando ou falando sério. — Brincadeira, eu só queria fazer ele parar de flertar com você.

— E como você sabia que ele estava flertando comigo?

— Ah, por favor! Dava para ver de longe como ele olhava descaradamente para você durante os testes da Grifinória.

— E foi por isso que você jogou uma confusão nele.

— Claro...! — seus olhos se abriram assim que ela se interrompeu, percebendo seu quase deslize. — Não. Claro que não fui eu, isso teria sido uma conduta antidesportiva. — Erika declarou sério, assumindo uma postura rígida enquanto desviava o olhar.

Hermione riu atrevidamente da tentativa do mais alto de agir com naturalidade, era adorável como ela era ruim em mentir.

— Sim, pensei o mesmo. — Hermione assentiu, brincando. Seus dedos seguraram o queixo de Erika para fazê-la olhar para ela. — Lançar um feitiço em alguém para fazê-lo perder as provas por ciúme é muito antidesportivo.

Erika olhou nos olhos de Hermione. O gesto de agarrar seu queixo para fazê-la virar-se para olhá-la gerou uma sensação estranha, uma cócega em seu estômago impossível de ignorar.

— Sim, bem, ele mereceu. Quem fez isso deveria ser recompensado. — Erika disse naturalmente, causando um sorriso torto na morena.

— Sim, deveria.

E com isso ela a beijou.

Seus lábios se encontraram em um beijo suave sob o céu estrelado. Elas sentiram falta de sentir a outra tão perto e tentaram expressar isso naquele beijo.

A mão de Erika pousou suavemente na bochecha de Hermione, o polegar acariciando sua bochecha com amor. A morena tinha a pele muito macia e Erika não queria perder nenhuma oportunidade de tocá-la.

As mãos de Hermione foram para a cintura de Erika e ela puxou-a em sua direção sutilmente, para longe da grade. A Lufa-Lufa soltou um pequeno som de surpresa com o movimento repentino que se perdeu na boca da morena. Hermione queria beijá-la desde que a viu descer da vassoura nos degraus durante a tarde, mas sabia que não podia, não eram nada estabelecidas e beijá-la em público deixaria todos à vista. Elas eram algo sem nome e só de pensar nisso a incomodava um pouco, a ponto de seu aperto na cintura da Lufa-Lufa aumentar, fazendo-a gemer baixinho.

— Aham...

Um suave pigarro as interrompeu, fazendo com que ambas se separassem e olhassem rapidamente na direção da escada. As duas coraram profusamente quando viram que era Danielle.

A auror desviou o olhar para lhes dar privacidade, sentindo-se um pouco mal por interrompê-las. Hermione escondeu o rosto no peito de Erika, dentre todas as pessoas, só podia ser Danielle quem as pegou se beijando.

— Desculpe, não queria interromper. — Danielle  se desculpou visivelmente desconfortável, olhando para Hermione cheia de vergonha. — Olá, Hermione.

A Grifinória resmungou baixinho e levantou a cabeça do peito de Erika para dar um rápido sorriso e olhar para a garota mais velha.

— Olá, Danielle. — sua voz saiu apressada, cheia de vergonha, ao se separar de Erika, limpando a garganta.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Erika, um pouco irritada com a interrupção e que sua irmã finalmente se dignou a aparecer.

— Não, acabei de vê-las aqui enquanto estava patrulhando. Vim avisar que já era hora de voltarem para suas salas comunais, o jantar terminou há poucos minutos. — Danielle relatou, limpando a garganta novamente, desconfortável. Ela notou que Hermione estava olhando para todos os lados, seus dedos brincando com a ponta do suéter de Erika e que Erika não conseguia olhar nos olhos dela. — Eri, podemos conversar? Leve Hermione para a sala comunal dela, eu esperou por você na escada.

A garota de olhos azuis assentiu com relutância e Danielle desceu, devolvendo-lhes a privacidade.

Hermione notou os ombros de Erika tensos quando Danielle mencionou querer falar com ela. Cuidadosamente, Hermione pegou a mão dela.

— Tudo certo?

— Sim, não se preocupe. — Erika garantiu com um sorriso suave, apertando a mão dela. — Vamos, vou te levar para sua sala comunal.

Elas desceram da torre astronômica em silêncio. Hermione ainda não conseguia parar de se sentir envergonhada por ter sido pega por Danielle, entre todas as pessoas, enquanto beijava Erika.

Bem, pelo menos ela só as viu se beijando. A situação poderia ser mais embaraçosa.

Nos corredores ainda era possível ver alunos retornando para suas salas comunais após saírem da biblioteca ou simplesmente conversando nos corredores. Em algumas entradas ou jardins era possível ver aurores parados ou simplesmente andando, montando guarda com rostos sérios. Quando viam algo suspeito ficavam em pé, totalmente alertas.

Ao chegarem na sala comunal foram recebidas pela senhora gorda, que as olhou com um sorriso confiante ao perceber que estavam de mãos dadas. Quase dizendo que sabia o que estava acontecendo e que praticamente sempre soube.

— Obrigada por me trazer. — Hermione não soltou a mão de Erika, pelo contrário, seu aperto aumentou. — Não sei o que está acontecendo entre você e Danielle, mas qualquer coisa que você precisar pode me falar que eu te ajudo.

— Eu sei, é algo sobre o qual deveríamos conversar. — Erika suspirou, sentindo-se calma quando o polegar de Hermione começou a acariciar seus dedos. — Espero que você tenha uma boa noite, Hermione.

— Acho que vou ter uma ótima noite, Erika. — ela assegurou quase sedutoramente, referindo-se ao beijo que trocaram. — Deixa eu te devolver seu suéter...

— Não se preocupe, você pode devolvê-lo outro dia. Tenho muitos mais e não estou com tanto frio. — Erika garantiu imediatamente e Hermione não insistiu.

Ela não podia dizer não a guardar um suéter da garota de quem gostava.

— Tudo bem. — Hermione se aproximou para beijá-la na bochecha em despedida antes de caminhar até o retrato. — Boa noite.

Erika esperou que Hermione entrasse pelo retrato, ignorando o olhar brincalhão da senhora gorda, antes de se virar e caminhar para a sala comunal.

Danielle estava esperando por ela na escada, sentada no último degrau. A mais velha levantou-se ao ouvir os passos de outra pessoa e sorriu ao ver que era sua irmã descendo lentamente as escadas.

— Você demorou ou não quis se despedir de Hermione? — Danielle perguntou zombeteiro, mas não recebeu nenhum sorriso da irmã. — Opa, acho que realmente estraguei o clima ao interromper.

— Você desapareceu durante todo o verão. Como você espera que eu reaja se de um dia para o outro me pedir para falar como se nada tivesse acontecido?

Danielle concordou com a cabeça, as mãos caindo nos bolsos da jaqueta.

— Por isso queria falar com você agora, não tive tempo. — Daniella admitiu. Erika olhou para a irmã e percebeu que ela estava exausta, com olheiras bem marcadas e olhos caídos de cansaço. — Ouvi dizer que você estava com dor de cabeça hoje, está melhor?

— Não. — Erika admitiu, caminhando para sentar no último degrau seguida por Danielle. — Ainda sinto como se minha cabeça estivesse sendo martelada.

— Pode ser um efeito colateral. — a naturalidade com que disse isso lhe rendeu um olhar irritado da garota de olhos azuis. — Dumbledore não te contou sobre os efeitos colaterais?

— Não? Achei que você me contaria sobre eles. — Erika disse irritada, com a testa franzida.

Danielle olhou para ela confusa por alguns segundos, seu olhar caiu no chão e então ela olhou de volta para sua irmã.

— Dumbledore me disse que contaria a você sobre os efeitos colaterais quando me enviasse naquela missão com Lupin. — Danielle insistiu, com a testa franzida em aborrecimento. Ela bufou, incrédula. — Não acredito...

— Sim, mas agora você pode me contar.

— Dor de cabeça que dura o dia inteiro faz parte dos efeitos colaterais. Outros são tonturas, desmaios, sangramentos involuntários e alucinações. — Danielle recitou como se fosse um questionário.

Erika sentiu que poderia fazer uma lista e marcar quais já havia sofrido. Se fosse bingo, ela provavelmente já teria traçado uma linha completa.

Erika tinha certeza de ter passado por todos eles, exceto, talvez, pelas alucinações. Ela não tinha ideia de como diferenciar uma alucinação da verdade.

— Não existe algum efeito colateral que faça você ter um ano decente? A única coisa que faço é sofrer com isso, antes era muito melhor. — Erika reclamou mordendo levemente a ponta da língua.

— Mas seu sangramento parou, certo? — Erika assentiu com relutância e com um suspiro. — Seu peito também não doeu, presumo.

A dor no peito que sentiu no Beco Diagonal veio à mente. Ela havia passado por ali depois de ver seu pai pela vitrine da loja dos Weasley. Teria sido o supressor ou realmente vira o pai?

— Pouco. — Erika respondeu simplesmente. Naquela memória do Beco Diagonal havia o pôster da Sophie e a promessa de Danielle apareceu em sua memória. — Você nunca me contou sobre os Yaxleys.

Danielle ficou tensa imediatamente e pigarreou, mordendo a ponta da língua.

— É verdade, sim, eu disse que te contaria. — Danielle murmurou, suspirando profundamente. — Bem, você conhece Sophie, acho que deveria te contar sobre...

— Noah. — Erika interrompeu. A mais velha virou o rosto tão rapidamente surpresa que seu pescoço doeu. — Charlie me contou sobre Noah Yaxley. Ele me disse que era próximo de você e que... Ele está morto.

Danielle assentiu e baixou levemente o olhar. Erika notou a melancolia, tristeza e angústia nos olhos da irmã ao lembrar do rosto que pertencia àquele nome e memória.

— Sim, Noah... Foi ótimo. Eu o amava muito, éramos próximos. — ela disse, sentindo um nó na garganta crescendo aos poucos. — Quando ele morreu, Sophie me culpou. Ela disse que a culpa foi minha. Nunca entendi muito bem, só sei que ela culpou a mim e ao sangue de Merlin.

Erika franziu a testa. A questão do sangue de Merlin também veio da geração de sua irmã?

— Você sabia sobre o sangue de Merlin? — Erika perguntou curiosa, mas Danielle inclinou a cabeça num silencioso 'mais ou menos'.

— É uma história e uma brincadeira infantil, todo mundo conhece. Por isso fiquei confusa, Sophie me culpou e por uma brincadeira infantil.

— Talvez Noah fosse portador?

— Sinceramente não sei, Eri. — Danielle disse honestamente, franzindo os lábios. — Sophie estava dizendo algo sobre como eu sabia no que estava me metendo e que poderia ter sido ela se não fosse ele.

— Sabe no que você estava se metendo? Danielle, sinto que você não está me contando a verdade sobre muitas coisas. — Erika rapidamente encarou sua irmã mais velha. — Você me disse que você e Penny eram próximas, mas graças a Charlie eu descobri que espero que você a tenha visto e que, ainda por cima, os dois Yaxleys a odiavam por ser mestiça. E eles eram seus melhores amigos. Vocês não eram um casal desde Hogwarts?

Danielle reclamou e deixou a cabeça cair para frente, ela sabia que em algum momento teria que contar tudo, mas esperava que tivesse sido em um contexto menos complicado.

— Penny e eu começamos a ser um casal na sétima série. — Danielle admitiu em um sussurro. — Éramos amigas, éramos colegas de quarto, mas só senti nada por ela muito mais tarde. Não até o quinto ano ou início do sexto ano.

— No mesmo ano em que Noah morreu?

Danielle assentiu, sentindo uma culpa gigante percorrer seu corpo.

— Essa é uma conversa que nos levaria a noite toda. Vamos deixar para as férias, ok? — Danielle disse, depois de olhar seu relógio.

Erika olhou incrédula para a irmã que se levantou. Algo não se encaixou. Danielle parecia... Culpada.

— Dani. — Erika a chamou ainda sentada, a irmã dela ficou curiosa. — Você... Você ama a Penny, certo?

Os olhos castanhos de sua irmã mostraram que a pergunta a pegou muito desprevenida. Quase como se ela tivesse tocado em um assunto delicado. Mas isso durou um momento e a determinação imediatamente tomou conta de seu olhar.

— Claro que sim, Eri. Mais do que tudo no mundo.

Erika parou um pouco para olhar para a irmã. Ela não viu nenhuma mentira, não mordeu a ponta da língua, nem torceu o nariz como faz toda vez que mente.

Erika suspirou e se levantou, seu olhar ligeiramente perdido enquanto processava a situação confusa.

— A propósito, o que você acha dos bebês? — Danielle perguntou de repente, confundindo ainda mais a mais nova.

— Dos bebês? Bem, eles são... Bebês, certo? — Erika respondeu obviamente. — Por quê? Voldemort está recrutando bebês agora?

Danielle deu uma risada suave e balançou a cabeça.

— Não, não. Eu estava apenas curiosa. — Danielle riu novamente, desta vez mais suave, e depois pigarreou. — Enfim, semana que vem não estarei aqui. Aconteça o que acontecer ou você sinta que pode ir para Tonks, se ela não estiver em Hogsmeade ela estará aqui. — com uma das mãos ela bagunçou o cabelo da irmã. — Descanse, diga a Hermione que mando lembranças e que me perdoe novamente.

Erika corou com o comentário e revirou os olhos envergonhada, vendo sua irmã subir as escadas após soltar uma risada suave.

Ela olhou para as escadas pensando. Sua visão do relacionamento de Danielle e Penny mudou um pouco com cada coisa que aprendeu. A irmã dela andava com gente que praticamente odiava a loira, que falava mal dela genuinamente por querer ser má.

E ela nunca disse nada a eles. Ela deixou aqueles irmãos buscarem seus amigos.

Erika queria saber mais. Geralmente, em assuntos relacionados aos tempos de escola da irmã, ela contava com Penny, que deixava escapar tudo sem problemas, mas mais de uma pessoa havia lhe dito que ela não falaria sobre isso.

Ela ainda tinha Tonks. Sua opção mais próxima.

Ela precisava saber por que os irmãos Yaxley estavam tão escondidos na vida de sua irmã e por que esse sobrenome era tão relevante para sua mãe também.

______________

Hermione chegou à biblioteca após receber um bilhete na hora do almoço pedindo que ela aparecesse na biblioteca, assinado por Leah.

Ela esperava que Alex não tivesse mentido para ela sobre querer ajudar Erika. Ela esperava que Leah não fosse uma perda de tempo e lhe desse motivos suficientes para ajudá-los a fazer com que Lufa-Lufa os ouvisse.

Uma vez dentro da biblioteca ela procurou pela Scamander mais nova, a viu algumas prateleiras além da seção proibida, lendo um livro lá no alto. Por um momento ela não a reconheceu, a menina havia crescido um pouco, o que implica que a altura dentro da família Scamander parecia ser um gene dominante. Embora ela não fosse mais alta que Erika, ela ainda tinha pelo menos 1,68.

Aproximando-se lenta e cuidadosamente, a Corvinal olhou para cima e um grande sorriso apareceu em seu rosto enquanto ela devolvia o livro ao seu lugar.

— Olá, Hermione, obrigada por concordar em nos encontrar. — a garota olhou em volta e pediu que ela a seguisse com um leve movimento de mão. — Não vou fazer você perder tempo, então vou te contar o que queremos fazer.

Elas chegaram em uma mesa nos fundos que ficava ao lado de uma das janelas, estava vazia, então era certo que ninguém as ouviria. Hermione ficou séria, não querendo perder nenhum detalhe da interação.

— Entendo perfeitamente que você não queria falar com Alex, entendo muito mais que Erika não queira nos ver. Posso garantir que não tínhamos ideia das intenções de nosso pai. — Leah a assegurou sério, olhando a grifinória diretamente nos olhos. — Embora Alex soubesse do sangue de Merlin, ele não tinha ideia do que significava. E em relação ao nosso pai, ele nos disse que precisava que lhe contássemos sobre qualquer comportamento estranho por parte de Erika porque as coisas estavam tensas no ministério depois do que aconteceu na Copa Mundial de Quadribol.

— Você esteve na Copa Mundial de Quadribol? — Hermione perguntou surpresa e Lea assentiu com um pequeno sorriso.

— Sim. Alex queria muito ir, infelizmente tudo foi arruinado com o que aconteceu com aqueles pobres trouxas. — ela suspirou tristemente. — Como Erika foi uma das primeiras suspeitas de estar onde a marca negra foi enviada, o ministério não quis libertá-la porque suspeitavam que ela estava ajudando Nathaniel. É por isso que, depois do que aconteceu no Torneio Tribruxo, papai nos pediu para ficarmos de olho nela, caso ela estivesse naquela confusão.

— Impossível. Seu melhor amigo... Não, seu irmão, foi assassinado lá. — a morena comentou com muita tristeza e viu como a Corvinal assentiu tristemente.

— Eu sei, Erika nos contou uma vez. Papai tinha uma imagem ruim de Erika, bem, de toda a nossa família.

— Sim, Alex me contou isso.

—  É por isso que queremos ajudá-la, não queremos que ela fique sozinha. — a determinação na voz da Corvinal era perceptível. — Dumbledore falou conosco após a discussão, ele nos disse que se realmente quiséssemos ajudar, deveríamos fazê-lo. — Lea colocou a mão no bolso da túnica e tirou um papel recortado para colocar sobre a mesa. — Como forma de ganhar nossa confiança, eu te dou isso.

Hermione olhou para o pedaço de papel e viu escrito com uma caligrafia um tanto confusa: "A história crua: biografia não autorizada de Merlin." A curiosidade em sua mente apareceu imediatamente, ela não tinha ouvido nada sobre aquele livro.

— O que é?

— Um livro que foi descontinuado anos atrás porque é muito fantasioso e supostamente conta falácias sobre Merlin. Mas suspeito que possa ter algumas respostas. — Lea propôs, olhando para Hermione. — Alex usou seu carisma para conversar com Madame Pince e descobrimos que o livro está na seção proibida. Podemos ajudá-la a entrar e sair da seção proibida, mas você precisa confiar em nós.

Hermione olhou para a garota de cabelos acobreados por alguns segundos antes de olhar para o papel sobre a mesa. Eles poderiam facilmente fazer tudo isso sozinhos, deixá-la de fora, mas por que insistiram tanto para que ela fosse a pessoa a procurar aquele livro?

— Por que eu? — Hermione perguntou com o olhar fixo no papel.

— Porque você ama muito a Eri. — Lea disse com um pequeno sorriso. — Você é a melhor bruxa da sua geração, todos confiam em você, e entre eles Eri. Você tem a confiança dela e nós não, isso lhe dá uma vantagem. — os ombros de Lea caíram levemente, relaxando um pouco. — Nós te ajudamos porque também confiamos em você e sabemos que você também buscará o melhor para nossa prima.

A Grifinória assentiu e ergueu o olhar para olhar para Lea com determinação.

— Quando você planeja fazer isso?

Erika é muito teimosa né? É o que dizem, você é o que você come.

Até breve. ❤️❤️

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